
Eis que chega a hora! A porta se abre, o ser de branco com máscara no rosto e uma lâmina na mão convoca o teu nome. Detalhe nisso tudo: tudo no consultório é branco. Dizem que o céu é branquiiinho. Bom, se for igual a consultório estarei fugindo de lá. Em seguida a vítima senta na tal " cadeira" que mais parece ter saído de filme de ficção científica, e o coração batendo forte! Do lado direito do córner está todo aparato: Gilete, agulha, um ferro afiado, outro ferro afiado, outro troço pontudo... - É para enfartar né não? - do lado esquerdo um cilindro com uma água corrente. Tento me concentrar sempre no barulho da água. Usando a boa imaginação dá para pensar que o barulho é de riacho. Fica aí a dica.
Toda consulta começa com a seguinte pergunta óbvia: "Algum problema contigo?"
Bom, se não tivesse problema nenhum pode apostar que eu não estaria ali apenas para trocar idéia com o dentista. Mesmo que o seu problema bucal seja simples, fique tranquilo, o dentista vai logo arranjar algum problema e serviço pra fazer. Até uma simples limpeza no dente é uma tortura. Aquele aparelho de motorzinho que faz barulho é logo solicitado. E quem nunca tirou o amaldiçoado Ciso?! Aliás, para que serve isso? existe apenas para dar o ganha pão mensal aos dentistas? Bem, não vou reclamar muito pois sei que a medicina bucal melhorou muito. Fico imaginando uma consulta na época dos nossos avós. Pior ainda, no tempo de Tiradentes! Agora entendo porque ele foi o único morto na Inconfidência Mineira. Já devia ser pavoroso ir ao dentista.