terça-feira, 13 de março de 2012

A arte de encantar a plateia (ou não)



Ser artista não deve ser fácil. Tentar agradar o público em geral com o seu talento ali exposto, imagino que deve ser, digamos, tenso... Na vida, seja no lado pessoal, esportivo ou profissional (ô loco meu), sempre tento fazer daquilo alguma arte. Afinal de contas ser artista é “simplesmente” ser competente em seu ofício.

Quando era pequeno, tinha quase certeza que tinha algum talento. Bom, pelo menos era o que a minha mãe dizia. Algo do tipo: “Esse menino só faz arte”, ou “isso é um arteiro da maior qualidade”. Pra deixar qualquer matriarca de cabelo em pé, né não?! Dona Rosane que o diga...

Até meus 10 anos de vida, esse era o conceito de arte que tinha em mente. Ou como diriam meus mestres antropólogos, era o significante consolidado pelo ego errado. Por falar em escolástica, logo que entrei na faculdade de comunicação, ainda no primeiro período, tive que ler um livro do Everardo Rocha chamado “O que é Arte?”. Delícia ein... É claro que na época relutei.

“Putz, tenho mesmo que ler isso? Mas eu já sei o que é arte!”, exclamei.

Pobre retirante. Estava fazendo o espetáculo da forma incorreta. A arte (desculpe a repetição da palavra) é uma criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos, tudo isso expressado em forma de alguma coisa.

Ok. Acho que aprendi. Sendo assim, algumas semanas antes da premiação do Oscar deste ano, me deparei com o trailer do filme “O Artista”. O nome do filme já chamou atenção. Lembrei na hora do livro citado. Tem mais, ainda no cartaz aparecia um simpático cachorro como uma das estrelas principais. Putz! Precisava muito ver isso! Com um forte incentivo de uma amiga, lá fomos nós embarcar nessa viagem silenciosa.

Em clima retrô, a sessão chamava atenção pela quantidade de idosos na sala. Pensei logo, "estão levando a sério demais o estilo nostalgia". Mas queria o quê?! Mocidade em Ipanema?! O filme começou. Silêncio... trilha sonora (muito boa por sinal) a todo vapor.

O roteiro conta a história de um ator famoso do cinema mudo, um artista em pleno auge da carreira, que não consegue acompanhar a novidade dos filmes falados. George Valentin rejeita a modernização dos estúdios e a opção por um elenco novo. Lembrei na hora do filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin. Meu pai já havia falado que Chaplin teve uma rejeição às falas na sétima arte. Mas “Tempos Modernos” era a revelação da genialidade do diretor. Metade mudo, metade falado.

Mas voltando a sessão acima, a forma do roteiro, de uma maneira geral, é bem clichê: vemos a ascensão de um personagem e a decadência de outro, sempre fazendo essas duas histórias se encontrarem por motivos maiores. Porém o conteúdo do filme é surpreendente. Sai satisfeito da poltrona com a sensação de que valeu cada centavo do ingresso (inteira).


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